Moscovo – O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou, esta sexta-feira, que Moscovo “nunca se recusou a negociar”, acusando os políticos ucranianos de se terem retirado do “processo de negociação” assim que as tropas russas se retiraram de Kiev.
“Fomos enganados mais uma vez. Agora temos de perceber com quem devemos negociar e como. Em quem e, até que ponto, podemos confiar. E, claro, estamos agora a analisar tudo o que está a acontecer sobre este tema”, afirmou Putin, em declarações aos jornalistas russos que o acompanham na sua visita à China, citado pela Tass.
O chefe de Estado da Rússia recordou que, quando as tropas russas estavam perto de Kiev, os parceiros ocidentais insistiram na sua retirada: “Nenhum documento pode ser assinado se o lado oposto nos apontar uma arma à cabeça”, argumentou.
“No dia seguinte, atiraram os nossos acordos para o caixote do lixo e disseram: ‘Bem, agora vamos lutar até ao fim’. E os seus manipuladores ocidentais adoptaram a posição que agora é conhecida por todo o mundo”, sugeriu Putin.
Na sua perspectiva, a posição adoptada por todos agora é que “a Rússia tem de ser derrotada no campo de batalha, tem de sofrer uma derrota estratégica”. “Não fomos nós que nos comportámos desta forma”, acrescentou.
Recorde-se que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reconheceu, esta semana, que a situação em Kharkiv era muito complicada, mas que Kiev não se podia dar ao luxo de perder a cidade para o inimigo russo.
O chefe do exército ucraniano, Oleksandr Sirski, afirmou ainda que a ofensiva russa alargou a frente de guerra em mais 70 quilómetros. “Eles não conseguiram romper as nossas defesas”, salientou Sirski, que avisou, no entanto, que “combates pesados” iriam continuar na nova frente.
O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), com sede em Washington, calculou em oito quilómetros a distância a que a Rússia conseguiu penetrar no território ucraniano com a ofensiva na região de Kharkiv. JM