Falência das empresas, dívida insustentável, inauguração do complexo industrial: as tês realidades incompatíveis de Silvestre Tulumba!

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A província de Luanda vai contar, em breve, com um novo investimento industrial com a inauguração do Complexo Industrial do Kikuxi, um investimento do Grupo Silvestre Tulumba, que, segundo noticiou o jornal “O País”, visa aumentar a oferta de bens alimentares e produtos de higiene no mercado nacional, por formas a reduzir a dependência de importações e contribuir para a estabilização dos preços.

O jornal público que cita uma nota do grupo empresarial refere, no texto publicado a 31 de Março de 2025, que a data de inauguração do complexo está prevista para Setembro próximo, no quadro das comemorações dos 50 anos de Independência Nacional.

Segundo o “O País”, o projecto promete revolucionar a produção local de alimentos e vai, numa primeira fase, pode ler-se, criar cerca de quatro mil postos de trabalho, constituindo uma fonte estável de rendimento para muitas famílias, contribuindo para a redução do desemprego e para o fortalecimento da inclusão social.

A publicação coloca um ponto tónico na especialidade da Silvestre Tulumba – Investimentos e Participações, que através do seu braço industrial, o Polo Industrial de Bebidas e Alimentos de Angola Lda – POIBA, tem como objectivo, na criação dos complexos industrial de Luanda e Kikuxi, a produção em larga escala de produtos alimentares essenciais, como massas alimentícias, óleos alimentares de soja, girassol e palma, ketchup, mayonese, mustarda, biscoitos, bolachas maria, Waffer´s e Oreo e derivados de laticínios nomeadamente, Yogurte, Leite, queijo, manteiga e leite condensado, bem como as bebidas e outros bens de consumo indispensáveis ao dia-a-dia dos angolanos”, sublinha.

Esta capacidade, depreende-se, faz com que a Silvestre Tulumba – Investimentos e Participações, Limitada, afirma-se como um dos principais motores da economia angolana, com uma visão clara de crescimento sustentável e um compromisso firme na criação de emprego.

No entretanto, economistas que acompanham o desempenho das empresas nacionais, acompanhados pelo portal “O Protagonista”, questionam a visão de crescimento sustentável, bem como a afirmação da S. Tulumba como um dos principais motores da economia nacional porque, como fazem saber, ela apresenta cenários díspares, como se pode ver nas apresentações seguintes e numa lógica cronológica:

A Silvestre Tulumba é um dos três maiores devedores da carteira de crédito malparado do BPC, segundo dados publicados pelo Jornal Expansão na edição de 21 de Junho de 2019, e confirmados pela Recredit, entidade estatal responsável pela recuperação do crédito malparado daquele banco de capital público.

Na publicação, pode ler-se que “a instituição financeira (Recredit) criada em 2016 para ficar com os activos tóxicos do BPC conseguiu “fechar” acordos de reconhecimento de dívida com três grupos liderados por Elias Chimuco, Silvestre Tulumba e João Paulo Tomás.

A Recredit anunciou, esta semana, prossegue o jornal, ter concluído Acordos de Reconhecimento de Dívida com três grupos empresariais que constam na carteira de crédito malparado adquirido pela instituição financeira ao Banco de Poupança e Crédito (BPC) sem, no entanto, revelar valores.

De acordo com um anúncio publicado nos jornais, pelo denominado “Banco Mau” criado em 2016 para gerir activos tóxicos do BPC, tratam-se do Grupo Chicoil, que tem como accionista maioritário o empresário, banqueiro (YETU) e ex-deputado pelo MPLA Elias Chimuco, bem como o Grupo ABC (Angola Business Corporation), liderado por João Paulo Tomás, e o Grupo STI, liderado por Silvestre Tulumba, refere o anúncio. O Expansão apurou que se tratam dos maiores devedores da carteira de malparado adquirido pela Recredit ao BPC.

Porém, sete anos depois de ter sido divulgada esta informação e confirmada pelo dono da empresa, Silvestre Tulumba, não foram divulgados resultados do acordo assinado entre a S. Tulumba e a Recredit sobre o pagamento ou não da dívida milionária que detinha e que, na altura, colocou em causa a solvabilidade do banco.

Declaração de falência das empresas do seu grupo.

Nos finais de 2023, o empresário angolano, que tem sido citado como sendo um dos muitos que conseguiram fazer fortunas graças à ligações com detentores de cargos públicos (governantes), declarou a falência das suas empresas, o que colocou o jovem no centro de uma polêmica Segundo a qual a declaração de falência constituía-se  em manobras empresariais para escapar de dívidas milionárias com bancos em Angola e o pagamento dos impostos junto das autoridades aduaneiras.

Para provar as manobras de fugo para frente, noticiou-se, na época, que o empresário trocara nomes de empresas que declarou falidas e continuou a operar com novos contratos.

No Lubango, por exemplo, a antiga IMOSUL, uma das empresas ligadas ao empresário, teria sido rebatizada como MERCONS, que já assumiu contratos significativos, incluindo a manutenção da estrada Lubango-Benguela.

As informações apontavam que essa estratégia fazia parte de um padrão de comportamento do empresário, que, ao sentir-se pressionado financeiramente, declara falência, reestrutura suas empresas e retoma atividades com novos contratos.

Banco de Crédito do Sul de Silvestre Tulumba encerra III trimestre de 2023 com lucros a caírem mais de 60% para apenas 3,6 mil milhões Kz

A declaração de falência das empresas do jovem empresário seguiu-se com a queda das contas de balanço do Banco de Crédito do Sul (BCS), instituição bancária detida pelo Silvestre Tulumba Tyihongo Kapose, mais conhecido por Silvestre Tulumbamas que, segundo o portal Negócios de Angola, na sua publicação de 1 de Setembro de 2024, no capital do banco é representado pelos seus familiares, fecharam o terceiro trimestre de 2023 com um recuo nos resultados líquidos de 63,5% para 3,6 mil milhões de Kwanzas face ao total arrecado em igual período de 2022, de acordo com cálculos dos balancetes do referido período.

Na prática, ao longo dos nove meses de 2023, o banco controlado indirectamente por Tulumba deixou de receber 6,3 mil milhões de Kwanzas, pouco mais de 4,2 milhões dólares, de resultados das operações.

Se no terceiro trimestre de 2022 o banco registou perto de 10 mil milhões de Kwanzas em resultados líquidos, em igual período do ano passado o quadro inverteu, com a contabilidade a inscrever apenas 3,6 mil milhões.

Constituído em 2015 com um capital social de 2,5 mil milhões de Kwanzas, representado por 2,5 milhões de acções com o valor nominal de 1.000 Kwanzas cada, integralmente subscrito e realizado em dinheiro, o banco é gerido por Cristina Florência Dias Van-Dúnem, que substituiu no cargo, em 2022, Maria do Céu da Silva Rebelo Martins Figueira.

No final, e contas feitas por economistas do “O Protagonista” embora o banco tivesse registado lucros consideráveis em 2024, a escala de prejuízos do empresário, e que foram aqui elencados, não permite compreender que, neste momento, no início de 2025, a Silvestre Tulumba esteja em condições de construir complexos industriais à dimensão do que foi publicado em nota e amplamente trabalhado pelos órgãos públicos e privados, a não ser que se esteja diante de um grupo que detém empresas não declaradas ou lavagem de dinheiro.

Ou, por outro lado, esteja a ser, agora, confirmada a tese, segundo a qual, a declaração de falência era, de facto, uma artimanha encontrada pelo empresário para, em primeiro lugar, arrancar de forma cavilosa perdão dos bancos e outras entidades credoras, fundamentalmente o BPC, e, em segundo lugar, escapar-se do pagamento dos impostos devidos à AGT, caso para se dizer que a Falência das empresas de Silvestre Tulumba, a dívida milionária insustentável e a inauguração do complexo industrial são, a todos os níveis e em todo o tempo três realidades incompatíveis!

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