Dom. José Manuel Imbamba é actualmente Arcebispo Metropolitano de Saurimo e Presidente da CEAST (Conferência Episcopal de Angola e São Tomé) mostrou-se, no fim de semana findo, em entrevista a Televisão Pública de Angola, no âmbito das comemorações do 4 de Abril, dia da paz e reconciliação nacional, preocupado com o que considera “arrogância, vaidae, falta de sentido de missão e do trabalho, dos jovens angolanos, essencialmente, dos que assumem cargos de destaque na política nacional.
“A juventude é o outro grande grupo no nosso país que requer muita atenção e muito cuidado porque quando nós falamos dos jovens estamos a falar do futuro, estamos a falar dos sucessores”, disse o prelado.
O também académico, com obras cientificas publicadas, entende que o país está a criar uma juventude que satisfaz os anseio da maioria que gostaria, referiu, ver jovens capazes de suceder a antiga geração com mérito, honra e diginidade que se funda no respeito da dignidade da pessoa humana.
“Nós estamos a criar muitos fanáticos. Estamos a criar muitos jovens que vivem de superficialidades. Muitos jovens que não têm o sentido do dever.
Não têm o sentido do servir. Não têm o sentido do empenho. Não têm o sentido do trabalho. Porque nós habituamos o jovem a receber tudo de favor, cimentou o homem de Deus.
O prelado foi mais longe ao afirmar que a culpa é dos progenitores que querem dar tudo de bandeja aos filhos e como resultado estes não querem esforço para conseguir o que querem.
“Habituamos o jovem a não empreender. Habituamos o jovem a viver dos mimos dos seus pais. Então isto pessoalmente me inquieta. Eu tenho dito várias vezes por exemplo que estou preocupado com a classe dos nossos políticos mais jovens. Estou preocupado, porque o nosso jovem político está a parecer muito intolerante, muito vaidoso, muito arrogante. Ainda não é o jovem que transmite serenidade, que transmite confiança, que transmite esta abertura da mente para poder dialogar com todas as sensibilidades que o nosso país felizmente tem.

Para terminar, Dom Imbamba fez saber que os jovens de hoje não estão comprometidos com a causa de todos. Com o bem comum, pois, disse, há muito ego nas suas acções.
“Não é um jovem que está disponível para partilhar o seu bem com os outros, há muito egoísmo à mistura. Então, acho que há um trabalho ingente a fazer por parte de todos nós para que o nosso jovem que estamos a criar hoje não seja um jovem supérfluo, um jovem oco, vazio sem um conteúdo de vida, sem um conteúdo de ideal, sem um conteúdo do sentido de pertença, sem um conteúdo ético que o ajude de facto a ser uma pessoa de referência para os outros, a ser uma pessoa sonhadora, uma pessoa capaz de transformar esta sociedade em que nos encontramos para o progresso humano, social e cultural”, concluiu O bispo de Saurimo.
Importa referenciar que, as preocupações do prelado surgem numa altura em que o país reflecte sobre os ganhos da paz, e coincide coma tensão que se regista entre a UNITA e o MPLA, em relação as homenagens que estão a ser feitas a individualidades que contribuíram para o alcance da independência nacional, paz e desenvolvimento, enquadradas nas festividades dos 50 anos da independência nacional que se assinalam a 11 de Novembro do corrente ano.
Acresce a isto o facto de nos últimos dias ter circulado uma informação segundo a qual, um dos relógios utilizados pelo Ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Marcy Lopes, um jovem político do MPLA, estar avaliado a cerca de 600 mil euros, mais ou menos setecentos milhões de kzs, que, contas feitas pelo Presidente do Movimento dos estudantes angolanos, (MEA) francisco Teixeira e apresentadas num dos espaços de entrevistas em que participou, dava para pagar cerca 650 Professores ou agentes da Polícia Nacional, enquanto população que menos ganha a nível da função pública.